segunda-feira, 25 de abril de 2016

Violeta Parra:"el canto de todos que es mi proprio canto" Por Danielle González Campos.

Conheci a "La Violeta" pesquisando sobre a musica popular chilena, que dialoga com o tema da minha pesquisa acadêmica. Acabei descobrindo poesias cantadas por uma mulher de origem campesina que saiu de Chillán, povoado do Sul do Chile e que recorreu  o mundo com suas canções, poesias e arte. Quero falar um pouco sobre o engajamento social e vida da chilena Violeta Parra através de suas composições musicais e poesia. Esclarecendo que tudo o que eu disser será pouco e limitador diante a imensidão e autenticidade de sua obra. 

Filha do professor Nicanor e da costureira Clarisa, Violeta del Carmem Parra Sandoval nasceu no sul do chile, numa região campesina chamada San Carlos, Chillán, no dia 04 de outubro de 1917. Em 1932 ela se muda para Santiago, capital do Chile com seus 8 irmãos, com eles tocava e cantava nas ruas, em circos, em estações de trens e mercados para viver.  Em 1953 seu irmão Nicanor, o ''antipoeta'' a convenceu a voltar para o interior do Chile recuperando a tradição da poesia popular, campesina, que enfrenta a pressão da mudança modernizadora com a industrialização e urbanização do país.   
 Violeta compõe suas principais canções nas décadas de 50 e 60 e suas composições possuem um diversidade enorme. Ela canta sobre o amor(como esse trecho da composição "El amor" que é uma das minhas preferidas): 
                                Trecho da canção "El amor"                                
                                                    Entré al clavel del amor.                                                   
             Cegada por sus colores 
 me ataron los resplandores  
de tan preferida flor. 
 Ufano de mi pasión  
 dejó sangrando una herida  
que lloro muy conmovida  
en el huerto del olvido. 
 Clavel no ha correspondido. 
 ¡Qué lágrimas tan perdidas! 

E a maioria de suas canções são expressão de suas experiências como "Run-Run se fue pa'l norte" onde fala sobre sua grande desilusão amorosa e "La Carta" que fala sobre seu irmão Roberto Parra, preso: 

Trecho da canção "Run-Run se fue pa'l norte" 

En un carro de olvido,
  antes de aclarar,
  de una estación del tiempo,
  decidido a rodar.
  Run-Run se fue pa´l Norte,  
 no sé cuándo vendrá.
  Vendrá para el cumpleaños  
 de nuestra soledad.  
 A los tres días,
 carta  con letra de coral,  
 me dice que su viaje  se alarga más y más, 
  se va de Antofagasta  sin dar una señal,
  y cuenta una aventura  
 que paso a deletrear,  
 ay ay ay de . 

Trecho da canção "La Carta" 
Me mandaron una carta 
Por el correo templano 
Y en esta carta me dice 
Que cayó prieso mi hermano 
Así lo tema con grillos 
Por las calles lo arrastraron, si. 

Ela canta também e principalmente sobre as questões sociais chilenas, onde denúncia a miséria e a opressão vivida pelo povo chileno, critica a indiferença e o apoio ao regime militar dados pela Igreja Católica, também denúncia a exploração estrangeira (imperialismo) dos trabalhadores rurais e operários e defende a reforma agrária. Algumas delas (particularmente as que mais me fascinan): "Al centro de la injusticia", "Yo canto a la diferencia", "Miren como sonríen" e "Que dirá el Santo Padre".  

Trecho "Yo canto a la diferencia" 
Yo paso el mes de septiembre con el corazón crecido, 
De pena y de sentimiento, de ver mi pueblo afligido 
El pueblo amando la patria y tan mal correspondido, 
El emblema por testigo. 
Afirmo señor ministro, que se murió la verdad, 
Hoy día se jura el falso, por puro gusto no más, 
Engañan al inocente, sin ni una necesidad, 
Y arriba la libertad. 
Ahí pasa el señor vicario con su palabra bendita. 
¿podría, su santidad, oírme una palabrita? 
Los niños andan con hambre, les dan una medallita, 
O bien una banderita. 

Trecho "Al Centro de La Injusticia" 
 Claro que algunos viven acomodados,
  pero eso con la sangre del degollado.
  Delante del escudo más arrogante
  la agricultura tiene su interrogante. 
El minero produce buenos dineros,  
 pero para el bolsillo del extranjero;
  exuberante industria donde laboran 
  por unos cuantos reales muchas señoras 
  y así tienen que hacerlo porque al marido
  la paga no le alcanza pal mes corrido. 
  Pa no sentir la aguja de este dolor 
  en la noche estrellada dejo mi voz.

Para terminar essa pequena amostra da riquíssima produção artística de Violeta, coloco os links do poema (depois transformado em música), "La exiliada Del Sur" onde Violeta fala sobre seu caminhar e recorrido no interior do Chile,  o link da canção "Que he sacado com quererte" um lamento mapuche chileno, que ela interpreta maravilhosamente, e diz muito sobre seu próprio fazer e resgatar cantos de tradição oral, campesinos, indígenas e, por fim, sua composição mais conhecida: "Gracias a la vida", onde ela diz que o canto de todos, o canto do povo, é seu próprio canto! 
  
Inti Illimani interpretando "La exiliada del Sur" 
"Que he sacado com quererte" Lamento Mapuche reinterpretado por Violeta 
"Gracias a la vida" Interpretada por Mercedes Sosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário