sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Luciane Zanin - AS OCUPAÇÕES DE ESCOLAS E UNIVERSIDADES NO PARANÁ E NO BRASIL EM 2016.

Imagem retirada da página - agora inexistente - "Ocupa Paraná", no Facebook
No ano passado, quando ainda estava no Ensino Médio, presenciei pela primeira vez uma greve duradoura dos professores e funcionários públicos. Foi a primeira vez que percebi como funcionava a relação entre governo, funcionários públicos e estudantes. Com certeza, essa movimentação grevista no ano de 2015 me deu um motivo a mais para desejar cursar história. A intenção era, também, entender porque aquilo acontecia.
Quando entrei na universidade, o espectro da greve ainda rondava por seus corredores. E então, tivemos uma mudança no governo federal, que passou a propor mudanças impopulares entre professores e alunos em geral, como a antiga PEC 241 – que foi aprovada como 55 – e a MP 746/2016.
Em outubro, algumas escolas secundárias começaram a ser ocupadas por seus estudantes, no início, foi muito tímido, como se o movimento não fosse muito longe, então, em pouco tempo, centenas de escolas já estavam ocupadas em todo o estado.
Imagem retirada da página - agora inexistente - "Ocupa Paraná", no Facebook
Eu, pessoalmente, fiquei muito feliz quando em certa parte desse período, vi que a escola em que eu estudei por sete anos, no ensino fundamental e médio, havia sido ocupada, mesmo que essa escola atenda uma região periférica da cidade. Isso me fez pensar que essa geração – da qual também faço parte – não está se contentando com as informações mastigadas que estão vindo da mídia, e estão procurando entender mais de política.
Algum tempo depois, no dia 17 de outubro, tive a oportunidade participar de duas assembleias estudantis, para decidir se a universidade seria ocupada, a primeira, foi muito pacífica, e de forma unânime, os estudantes do período matutino que compareceram na assembleia, votaram pela ocupação. À noite, a assembleia estava muito mais cheia e agitada, com muito mais pessoas que eram contra a ocupação, mas mesmo assim, por volta das 22h, depois de muita discussão, o campus foi ocupado.


Ocupação do Campus Sta. Cruz Unicentro


Esse período de mais ou menos um mês, em que a universidade estava ocupada, foi o período, desde o início do ano, em que pela primeira vez, eu realmente senti que estava em uma universidade. A ocupação trouxe à tona uma ideia do que a universidade realmente deveria ser, pelo menos para mim. Participei de discussões que nunca seriam possíveis apenas dentro da grade curricular de História. Conversei, pude trocar ideias e aprender muito com alunos e professores de cursos como Arte, Pedagogia, Filosofia, Letras e os de Comunicação Social, e era essa interdisciplinaridade que eu imaginava encontrar na universidade. Esse contato com acadêmicos de outros cursos foi extremamente produtivo, visto que antes disso, ele não se estendia muito além da passagem um pelos outros nos corredores da universidade.
A partir do dia seguinte, a ocupação se deu, propriamente dita, e eu tentei participar o mais ativamente possível, pois senti que eu, sendo uma aluna do primeiro ano, ainda no início do curso, tinha obrigação de tentar mudar alguma coisa, enquanto ainda havia tempo. Esse período de mais ou menos um mês, em que a universidade estava ocupada, foi o período, desde o início do ano, em que pela primeira vez, eu realmente senti que estava em uma universidade. A ocupação trouxe à tona uma ideia do que a universidade realmente deveria ser, pelo menos para mim. Participei de discussões que nunca seriam possíveis apenas dentro da grade curricular de História. Conversei, pude trocar ideias e aprender muito com alunos e professores de cursos como Arte, Pedagogia, Filosofia, Letras e os de Comunicação Social, e era essa interdisciplinaridade que eu imaginava encontrar na universidade. Esse contato com acadêmicos de outros cursos foi extremamente produtivo, visto que antes disso, ele não se estendia muito além da passagem um pelos outros nos corredores da universidade.
A ocupação acabou tendo seu fim, em meados de novembro, no entanto, o sentimento de união entre as pessoas que participaram, permaneceu. Principalmente, por que é comum o pensamento de que, no futuro, ao menos, não nos arrependeremos de não ter lutado.
As ocupações, que alcançaram mais de 1000 escolas e universidades em todo o país, também tiveram seu fim, principalmente pelas tristes fatalidades que acabaram pairando sobre o movimento. Mas a luta, com certeza, vai continuar, pois as ocupações mostraram que, o movimento estudantil está forte, e ele resiste!

Ocupação do Campus Sta. Cruz Unicentro.

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