segunda-feira, 28 de março de 2016

Meu trânsito entre linhas de pesquisa. Por: Osvaldo Neto.


Pensando em narrar a minha passagem por diversas áreas de pesquisa durante a graduação, percebi que este texto poderia servir também para os acadêmicos que estão iniciando o curso de História na Unicentro. Portanto, ao falar de linhas, falarei também sobre os laboratórios de pesquisa que frequentei, mesmo que rapidamente.
            Em 2013 iniciei minha primeira Iniciação Científica, sob orientação do Prof. Dr. Jefferson Olivatto, do departamento de Pedagogia da Unicentro. O projeto de pesquisa foi desenvolvido em dois grupos. Um deles é o “Imperialismo e Racismo” da Universidade Federal do Paraná, local onde, no período, este orientador desenvolvia seu estágio Pós Doutoral em História da África. Participei de cinco ou seis reuniões organizadas pelo grupo, que envolvia mestrandos, doutorandos e pós-doutores, na sede do Programa de Pós Graduação em História da UFPR, em Curitiba.
            Na Unicentro, o Prof. Jefferson estava ligado ao GPCEI (Grupo de Pesquisa Cultura, Etnias e Identificações), anexo ao departamento de História de Guarapuava e que concentra seus estudos em práticas e espaços de poder e história agrária, entre outros. A temática de minha pesquisa, em consonância com as demais desenvolvidas no grupo “Imperialismo e Racismo”, se dedicou ao estudo das práticas colonialistas alemãs no continente africano, mais especificamente na Namíbia, onde a população nativa (os Herero) foi vítima de um genocídio no início do século XX. Procedendo, então, a partir da perspectiva da História Cultural.
            Devo admitir que minha imersão teórica neste primeiro momento foi um tanto tímida, já que estava apenas no segundo ano da graduação e passava pela primeira experiência de pesquisa. No entanto, foi extremamente importante para que eu pudesse entender a dinâmica da pesquisa histórica, tomando as primeiras lições em relação às fontes, referenciais teóricos, metodológicos e bibliográficos. Dessa forma, tenho muito a agradecer a todos que participaram deste grupo na UFPR, os quais tiveram bastante paciência com minhas limitações. Aos estudantes que chegam ao curso ou que pretendem engajar na primeira pesquisa, aconselho que não tenham receio de não estar à altura, mas que tenham humildade para destacar as dificuldades e para absorver tudo o mais que lhes puderem ensinar.
            No segundo semestre de 2014 comecei minha segunda Iniciação Científica, continuando a temática de raça, mas desta feita a partir do viés da História da Ciência. Tive como orientador o Prof. Dr. Vanderlei Sebastião de Souza, desenvolvendo uma pesquisa que buscava refletir a respeito das teorias raciais elaboradas nos círculos intelectuais, também nos primeiros anos do século XX no Brasil (o resumo desta pesquisa encontra-se nesse blog). Nesta pesquisa, apesar das continuidades, como a análise de um discurso e do pensamento racialista, pude entrar em contato com a temática das ideias e das trajetórias intelectuais, bem como da ciência no Brasil. Dessa forma, foram outras fontes, outras metodologias.
            Esta pesquisa foi inicialmente desenvolvida no LHAG (Laboratório de História Ambiental e Gênero), também anexo ao Departamento de História de Guarapuava. Este laboratório desenvolve seus estudos no âmbito das relações de gênero e ambiente, como o nome já sugere, assim como a influência da ciência e tecnologia nessas duas áreas. No fim da pesquisa já tínhamos um grupo chamado “Intelectuais, ciência e nação”, que se transferia pra um espaço físico específico, também anexo ao Departamento de História de Guarapuava. Eu e mais três estudantes da graduação fomos os primeiros orientandos nesta temática, todos com projetos ligados à eugenia, antropologia física e identidade nacional.
            Por fim, ao concluir esta última Iniciação Científica, já no segundo semestre de 2015, tendo poucos meses para terminar a graduação, resolvi mais uma vez mudar de linha de pesquisa para escrever o artigo de conclusão da disciplina de Pesquisa em História. Desta feita contei com a Orientação do Prof. Dr. Helvio Alexandre Mariano, no LACSO (Laboratório de Cultura, Política e Sociedade), a partir da perspectiva da História Social, onde, pesquisando os trabalhadores, tive a possibilidade de inverter a lógica das pesquisas anteriores, fazendo uma história vista de baixo, pelo viés da Micro-história. Este laboratório já havia me chamado a atenção muito antes, quando tive contato com discussões teóricas acaloradas em outros momentos da graduação. Sendo assim, construí minha pesquisa com o decisivo auxílio do grupo de pesquisa Guarda Chuva (já mencionado neste blog, por Vinícius Ferreira), dentro do próprio LACSO.

            Aos novos estudantes do curso de História da Unicentro e também àqueles que pretendem se engajar numa pesquisa, aconselho que visitem os laboratórios e conversem com aqueles que fazem parte dos mesmos. Se abram para uma vida acadêmica mais plural. Vocês têm muito mais a ganhar participando de discussões e trocando experiências com os demais acadêmicos do curso, do que somente participando das atividades de sala de aula. Encarem a universidade como um espaço de trocas e crescimentos. Todos os laboratórios citados ficam ao lado do Departamento de História. Para mais informações entrem em contato com os petianos através deste blog, da página do PET no facebook e também na sala do PET-História que fica no Bloco D, segundo piso, quase em frente ao elevador. 

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