segunda-feira, 28 de março de 2016

Um tour histórico por Antonina Por : Francielle Uchak

"Depois de alguns dias termino o propósito dessa viajem. Trabalho, reflexão e um pouco de solidão, eu fui minha própria companhia boa parte desse tempo, isso faz parte do processo de transformação e expansão. O movimento faz parte de mim e a (re)descoberta do meu interior foi capaz de mudar as direções. Depois de uma longa caminhada, fui ainda presentada com a chuva em frente ao mar, sobre esse, reavivo nossa conexão de muitos antes daqui".
Essa foi a minha reflexão depois de encerrar uma viajem pelo litoral paranaense, mais especificadamente,na histórica, linda e charmosa cidade de Antonina. Esse lugar é uma graça, cheio de casarões datados do século XVIII, os quais grande parte foi tombado pelo IPHAN há algum tempo. Além dos casarões, a Igreja Nossa Senhora do Pilar se tornou um marco de beleza arquitetônica de Antonina, grande parte de sua estrutura resiste ao tempo, mesmo tendo passado por inúmeras restaurações sua estrutura nos revela magnificas obras de arte como as cerâmicas dos pisos, quadros e imagens do século XVII. A "Matriz"' como é conhecida pelos Antoninenses, atrai vários Romeiros de inúmeros Estados brasileiros além de outros locais do mundo a fora. 
Antonina também foi palco do processo da expansão industrial paranaense no inicio do século XX, por ser uma região litorânea esteve na mira de grandes empresas de navegação e isso resultou na construção do Porto de Antonina em 1920, isso deveu-se também com a conclusão da estrada da Graciosa e o término da construção do terminal rodoviário ligando Curitiba a Antonina, o porto tornou-se o 4º maior exportador brasileiro de produtos industriais.
No auge do ciclo econômico antoninense, estando fortemente ligado ao ciclo da erva-mate, instala-se na cidade a então Indústrias Reunidas Matarazzo a qual estava no ápice das atividades econômicas no Brasil. 
Fui em busca de informações sobre o paradeiro dos documentos da Matarazzo,por que tive uma certa curiosidade em conhecer a influência da empresa que fechou suas portas em Antonina na década de 1970. No arquivo histórico de Antonina tive meu segundo contato com documentos históricos, já havia tido em Janeiro quando o Osvaldo Neto (meu companheiro de caminhada acadêmica e da vida), estava em busca de suas fontes para o artigo final da conclusão do curso e foi nesse local que conheci também alguns documentos da Matarazzo referente ao  frigorífico que havia funcionado em Jaguariaíva, local onde estávamos procurando fontes. Confesso que o primeiro contato foi incrível e ficará marcado na minha memória por algumas vidas ainda, com essa pequena experiência me senti capaz de desbravar um acervo desconhecido e sozinha, sem nenhuma orientação de algum professor ou alguém que entende do assunto. Lá havia duas moças que cuidavam do acervo, mas na verdade elas mantinham em "ordem" os documentos (nem todos estavam, senti uma dor no coração quando vi uma carta de alforria de um ex-escravo jogado as traças em uma caixa de papelão), enfim , isso me fez refletir sobre a situação dos acervos que são tão importantes para fontes de pesquisa histórica.
Enfim, retomo a frase inicial que essa viajem exigiu muita coisa de mim, mas sinto-me feliz em poder sair da graduação e ter o faro de uma futura pesquisadora. Há muito trabalho pela frente e muitas "Antoninas" a se desbravar. 

Obs. A foto postada foi durante o Festival de Inverno de Antonina de 2014. ( já estive por essas bandas por muitas vezes). 

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