África
e cultura afro-brasileira: História e desafios
As discussões sobre o ensino de História da
África, em diversos níveis educacionais são de grande importância, mas para que
houvesse o ensino desta temática nos currículos escolares foi preciso à
aprovação de uma lei que obrigasse o ensino de História da África e da cultura
afro-brasileira, a lei 10.639/03. No Brasil essa temática é relevante, pois
nosso país possui uma ligação com a África em diversas questões tanto na
formação do Brasil, a religião, a cultura, as influências alimentares, dentre
outras formas que contribuem para a nossa diversidade cultural. Mas ainda hoje
existem preconceitos e discriminações em relação à África, neste sentido cabe
não só ao professor, mas a todo o corpo escolar educador a contribuição para a
desmistificação sobre a África, através da História desse continente e as
relações com o nosso país.
Quando
olhamos para a historiografia contemporânea sobre a escravidão africana no
Brasil podemos analisar que a mesma trabalha com essa temática analisando a
escravidão no território como um passado de formação da identidade de um grupo (GUILLEN, 2008, p.343)
e que além de denunciar as práticas de maus tratos e horrores, procura
demonstrar que essa história é sobre indivíduos de carne e osso que foram
capazes, mesmo com toda a experiência do tráfico, de recriar e de reelaborar as
mais diversas formas culturais que nos remete a África. Esses estudos são
importantes para compreender que os africanos aqui desembarcados não sejam
vistos apenas como vítimas, como a história oficial coloca, mas que também
elaboraram formas de resistências, através de práticas culturais e
manifestações corporais e artísticas, como o exemplo da capoeira.
Como sabemos o conhecimento
proporcionado pela história é relevante para a formação das identidades, nesse
sentido o ensino de história da África vem a contribuir para uma reflexão do
processo de transmissão dos valores e a contribuição para diminuição do racismo
e preconceitos existentes em nossa sociedade, que alimentou a existência da
democracia racial, onde se acreditava não existirem diferenças em relação à cor
da pele, todos teriam as mesmas oportunidades de emprego, acesso ao ensino
público, sabemos que isso não é verdade, por isso além do ensino de história da
África abrir novas possibilidades de reflexões sobre a diversidade cultural de
nossa formação também vem a romper com a estrutura eurocêntrica da educação brasileira
(GUILLEN, 2008, p.344).
Mas é preciso ressaltar as medidas
de fomento para o ensino de história da África, como a formação de
profissionais nesta área através da abertura de um número maior de programas de
pós-graduação, e também a dificuldade do acesso a historiografia sobre a África,
e a forma que são trabalhadas as diretrizes do ensino de história e cultura
afro-brasileira e africana, e que esse ensino seja um espaço para discussões e
reflexões sobre as desigualdades sociais, pensando de forma crítica o que vem
acontecendo atualmente em nossa sociedade.
Referência:
GUILLEN,
Isabel Cristina Martins. África e cultura afro-brasileira: Imbricações
entre história, ensino e patrimônio cultural. CLIO-Série Revista de
Pesquisa Histórica – N. 26-2, 2008.
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