segunda-feira, 11 de abril de 2016

África e Cultura Afro-Brasileira: História e desafios . Por. Maria Cristina



África e cultura afro-brasileira:  História e desafios

             As discussões sobre o ensino de História da África, em diversos níveis educacionais são de grande importância, mas para que houvesse o ensino desta temática nos currículos escolares foi preciso à aprovação de uma lei que obrigasse o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira, a lei 10.639/03. No Brasil essa temática é relevante, pois nosso país possui uma ligação com a África em diversas questões tanto na formação do Brasil, a religião, a cultura, as influências alimentares, dentre outras formas que contribuem para a nossa diversidade cultural. Mas ainda hoje existem preconceitos e discriminações em relação à África, neste sentido cabe não só ao professor, mas a todo o corpo escolar educador a contribuição para a desmistificação sobre a África, através da História desse continente e as relações com o nosso país.


            Quando olhamos para a historiografia contemporânea sobre a escravidão africana no Brasil podemos analisar que a mesma trabalha com essa temática analisando a escravidão no território como um passado de formação da identidade de um grupo (GUILLEN, 2008, p.343) e que além de denunciar as práticas de maus tratos e horrores, procura demonstrar que essa história é sobre indivíduos de carne e osso que foram capazes, mesmo com toda a experiência do tráfico, de recriar e de reelaborar as mais diversas formas culturais que nos remete a África. Esses estudos são importantes para compreender que os africanos aqui desembarcados não sejam vistos apenas como vítimas, como a história oficial coloca, mas que também elaboraram formas de resistências, através de práticas culturais e manifestações corporais e artísticas, como o exemplo da capoeira.

            Como sabemos o conhecimento proporcionado pela história é relevante para a formação das identidades, nesse sentido o ensino de história da África vem a contribuir para uma reflexão do processo de transmissão dos valores e a contribuição para diminuição do racismo e preconceitos existentes em nossa sociedade, que alimentou a existência da democracia racial, onde se acreditava não existirem diferenças em relação à cor da pele, todos teriam as mesmas oportunidades de emprego, acesso ao ensino público, sabemos que isso não é verdade, por isso além do ensino de história da África abrir novas possibilidades de reflexões sobre a diversidade cultural de nossa formação também vem a romper com a estrutura eurocêntrica da educação brasileira (GUILLEN, 2008, p.344).

            Mas é preciso ressaltar as medidas de fomento para o ensino de história da África, como a formação de profissionais nesta área através da abertura de um número maior de programas de pós-graduação, e também a dificuldade do acesso a historiografia sobre a África, e a forma que são trabalhadas as diretrizes do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, e que esse ensino seja um espaço para discussões e reflexões sobre as desigualdades sociais, pensando de forma crítica o que vem acontecendo atualmente em nossa sociedade. 

Referência:
GUILLEN, Isabel Cristina Martins.  África e cultura afro-brasileira: Imbricações entre história, ensino e patrimônio cultural. CLIO-Série Revista de Pesquisa Histórica – N. 26-2, 2008.

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