sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Maria Cristina Kirach - Conversa sobre Empoderamento de Mulheres.

            No último dia 1º de dezembro de 2016, fui convidada pelas discentes do 5º ano do curso de psicologia da Faculdade Guairacá, para participar de uma das fases do projeto do estágio obrigatório do curso. O projeto das discentes se desenvolveu junto à comunidade, mais especificamente com meninas em situação de vulnerabilidade social no bairro Xarquinho – Guarapuava, várias atividades já haviam sido iniciadas naquela comunidade principalmente com meninas entre 10 e 23 anos, como visitas nas famílias, assistência no posto de saúde do bairro etc.
            O convite que recebi foi para falar sobre empoderamento das mulheres, de uma forma mais descontraída, ou seja, uma conversa mais aberta com as meninas. As atividades começaram no período da tarde, no antigo posto de saúde daquela comunidade que atualmente é utilizado por grupos de mães e mulheres que confeccionam artesanatos e também o espaço é usado para a realização de oficinas e palestras. Inicialmente as discentes realizaram atividades mais dinâmicas para quebrar a tensão entre elas e as meninas, a dinâmica era basicamente retirar perguntas embaralhadas e responde-las se quisessem, as perguntas eram em relação aos gostos, sonhos, problemas sociais atuais, e cada menina ficava livre para responder como se sentisse melhor.
            Após esta primeira parte, as estagiárias realizaram uma roda de conversa sobre sexualidade, a qual foi realizada da seguinte maneira, cada menina que tivesse alguma dúvida ou curiosidades sobre esta temática recebia um papel e escrevia a pergunta, sem identificar-se para evitar constrangimentos, várias meninas perguntaram sobre diferentes temas e os mesmos foram respondidos tanto pelas estagiárias do curso de psicologia como as agentes de saúde do bairro que também se encontravam no local.
            Depois destas atividades acima citadas realizei a fala com as meninas, abordando temas como a divisão e naturalização de papéis sociais, violência doméstica e violência no namoro, gênero, trabalho feminino e a autonomia e empoderamento das mulheres, trazendo alguns pontos do Plano Nacional de Políticas Públicas paras as Mulheres e o enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres. Também falei sobre os diversos tipos de violência em nossa sociedade (física, psicológica, sexual, institucional etc.) além de falar da importância de denunciar os agressores através do 180 que é a central de atendimento à mulher em situação de violência.
            Também citei as atividades que a Secretária de Políticas para as mulheres de Guarapuava, vem desenvolvendo ao longo destes anos, que é um intenso trabalho tanto no atendimento da Rede de Enfrentamento as mulheres em situação de violência, como a promoção do empoderamneto através da oferta de cursos, como de encanador, eletricista, panificação, doces dentre outros, são cursos que ajudam na formação profissional das mulheres para o mercado de trabalho e também a entrada de renda para o sustento familiar.
            Em seguida realizei uma dinâmica para que todas pudessem interagir e descontrair um pouco, a dinâmica abordava a temática violência doméstica e violência no namoro, e tinha por objetivo desconstruir estereótipos criados entorno da identidade de ser homem e ser mulher. Os materiais utilizados foram três cartazes com frases “concordo”, “discordo” e “não sei”, colados em diferentes lugares, quando eram lidas algumas frases polêmicas tipo: “Se as mulheres são vítimas e não deixam os agressores é porque gostam de ser maltratadas”, as meninas que quisessem participar deveriam se posicionar ao lado do cartaz, se concordavam ou não com aquela frase e as meninas que estivessem na opção “não sei”,  as outras deveriam convencê-las para ir para a opção concordo ou discordo.
            Foi uma experiência significativa conversar com elas, creio que é importante conhecer as realidades em que os (as) adolescentes se encontram, para que o conhecimento sempre parta da realidade dos (as) mesmxs.

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