No
último dia 1º de dezembro de 2016, fui convidada pelas discentes do 5º ano do curso
de psicologia da Faculdade Guairacá, para participar de uma das fases do projeto
do estágio obrigatório do curso. O projeto das discentes se desenvolveu junto à
comunidade, mais especificamente com meninas em situação de vulnerabilidade
social no bairro Xarquinho – Guarapuava, várias atividades já haviam sido
iniciadas naquela comunidade principalmente com meninas entre 10 e 23 anos,
como visitas nas famílias, assistência no posto de saúde do bairro etc.
O convite que recebi foi para falar
sobre empoderamento das mulheres, de uma forma mais descontraída, ou seja, uma
conversa mais aberta com as meninas. As atividades começaram no período da
tarde, no antigo posto de saúde daquela comunidade que atualmente é utilizado
por grupos de mães e mulheres que confeccionam artesanatos e também o espaço é
usado para a realização de oficinas e palestras. Inicialmente as discentes
realizaram atividades mais dinâmicas para quebrar a tensão entre elas e as
meninas, a dinâmica era basicamente retirar perguntas embaralhadas e
responde-las se quisessem, as perguntas eram em relação aos gostos, sonhos,
problemas sociais atuais, e cada menina ficava livre para responder como se
sentisse melhor.
Após esta primeira parte, as
estagiárias realizaram uma roda de conversa sobre sexualidade, a qual foi
realizada da seguinte maneira, cada menina que tivesse alguma dúvida ou
curiosidades sobre esta temática recebia um papel e escrevia a pergunta, sem
identificar-se para evitar constrangimentos, várias meninas perguntaram sobre
diferentes temas e os mesmos foram respondidos tanto pelas estagiárias do curso
de psicologia como as agentes de saúde do bairro que também se encontravam no
local.
Depois
destas atividades acima citadas realizei a fala com as meninas, abordando temas
como a divisão e naturalização de papéis sociais, violência doméstica e
violência no namoro, gênero, trabalho feminino e a autonomia e empoderamento
das mulheres, trazendo alguns pontos do Plano Nacional de Políticas Públicas
paras as Mulheres e o enfrentamento de todas as formas de violência contra as
mulheres. Também falei sobre os diversos tipos de violência em nossa sociedade
(física, psicológica, sexual, institucional etc.) além de falar da importância
de denunciar os agressores através do 180 que é a central de atendimento à
mulher em situação de violência.
Também citei as atividades que a Secretária
de Políticas para as mulheres de Guarapuava, vem desenvolvendo ao longo destes
anos, que é um intenso trabalho tanto no atendimento da Rede de Enfrentamento as
mulheres em situação de violência, como a promoção do empoderamneto através da
oferta de cursos, como de encanador, eletricista, panificação, doces dentre
outros, são cursos que ajudam na formação profissional das mulheres para o
mercado de trabalho e também a entrada de renda para o sustento familiar.
Em seguida realizei uma dinâmica
para que todas pudessem interagir e descontrair um pouco, a dinâmica abordava a
temática violência doméstica e violência no namoro, e tinha por objetivo
desconstruir estereótipos criados entorno da identidade de ser homem e ser
mulher. Os materiais utilizados foram três cartazes com frases “concordo”,
“discordo” e “não sei”, colados em diferentes lugares, quando eram lidas algumas
frases polêmicas tipo: “Se as mulheres são vítimas e não deixam os agressores é
porque gostam de ser maltratadas”, as meninas que quisessem participar deveriam
se posicionar ao lado do cartaz, se concordavam ou não com aquela frase e as
meninas que estivessem na opção “não sei”,
as outras deveriam convencê-las para ir para a opção concordo ou
discordo.
Foi uma experiência significativa conversar
com elas, creio que é importante conhecer as realidades em que os (as)
adolescentes se encontram, para que o conhecimento sempre parta da realidade
dos (as) mesmxs.
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